quarta-feira, 11 de março de 2015

A Indústria do Parto

  
Para muitas mulheres, a maternidade é um momento muito aguardado, planejado, sonhado! E não é fácil! Primeiro você tem que (ou gostaria de... rs) organizar sua mente, sua carreira, sua vida financeira, sua rotina, seu lar, seu relacionamento, para que haja um ambiente apropriado para receber um bebê.
E depois, as dificuldades para engravidar, provocadas pela ansiedade, os diversos problemas ginecológicos que as mulheres modernas enfrentam, o uso prolongado de métodos contraceptivos, etc.
 
Então, quando finalmente você faz o teste de gravidez e ele dá positivo, você se sente arrebatada! Pronto, Deus germinou a sementinha e o(a) anjinho(a), está a caminho!
 
E aí você começa a fazer o acompanhamento médico, as famosas consultas de pré-natal, para você saber como se cuidar, como cuidar do seu bebê, escutar o coraçãozinho (que é muito emocionante!), e tantas outras coisas.
 
Acontece que nos últimos tempos, as consultas de pré-natal, além dessas características gostosas e importantes, tornaram-se um momento para realização de cotações. Então, em meio à conversa sobre vitaminas, vacinas e ultrassonografias, você também tem que conversar com o médico sobre quanto vai pagar (mesmo tendo convênio!), se ele facilita o pagamento, etc. Virou um comércio...
 
Eu já tinha notado isso na minha primeira gestação, em 2012/2013, quando iniciei o meu pré-natal com o obstetra que realizou o parto da minha sobrinha. Ele me orientou sobre tudo o que era necessário e ao final me avisou que ele cobrava uma taxa de disponibilidade. Oi????? O que é isso?
 
É uma taxa cobrada por esses profissionais para realização do parto, já que para deslocar-se à maternidade de sua preferência eles têm que ficar boa parte do dia à sua disposição (e nos dias seguintes também, para as visitas de acompanhamento), o que afeta a sua rotina de consultas no consultório, naquele dia específico.
 
Mesmo sendo uma cesariana?? Sim! O congestionamento intenso da cidade, a distância das maternidades, fazem com que boa parte do dia seja despendida nesse processo.
 
E se eu não pagar? Bom, você pode fazer todo o seu pré-natal com o médico de sua preferência, pelo convênio, mas realizar o parto com o plantonista disponibilizado pela maternidade.
Aí, vai de cada paciente... Essa prática já é adotada na maioria dos países de Primeiro Mundo. As pessoas têm um médico de confiança da família, com quem fazem o acompanhamento durante a gestação, e o parto é realizado pelo médico disponível no hospital.
Mas eu, particularmente, não me sinto confortável de ser acompanhada por um profissional e operada por outro que nunca me viu antes, não conhece meu histórico de saúde, não teve uma relação mais próxima comigo e com o meu bebê. Eu preciso sentir confiança no médico, e isso não é possível algumas horas antes do meu neném vir ao mundo.
 
Como o valor que esse primeiro médico me cobrou foi muito alto para as minhas condições, eu passei a ligar para TODOS os obstetras do meu convênio, fazendo cotações! Descobri que a média dessa taxa, naquela época, era de R$ 1.500,00 a R$ 2.000,00. E assim era as consultas: quanto você cobra? Posso utilizar pelo menos o anestesista do convênio? Posso dividir esse valor?
Acabei encontrando uma médica ótima, com um preço mais "acessível" para fazer o meu parto. E foi ela que trouxe a minha Heleninha ao mundo!
 
E hoje, 1 ano e 10 meses depois do nascimento da Helena, estou novamente enfrentando a mesma situação, nessa nova gestação. Com um novo agravante: no início desse ano, a nossa atual presidente da República sancionou uma lei que vigorará a partir do mês de julho/2015, que estipula que todos os partos deverão obrigatoriamente ser normais, nos moldes de como é feito em outros países. Somente em casos emergenciais, onde haja risco para a mãe ou para a criança, poderá haver uma intervenção cirúrgica. A cesariana, quando realizada, deverá ser muito bem justificada, pois caso a instituição pagadora entenda que não havia necessidade, o médico não será reembolsado pelo serviço executado!
 
A obrigatoriedade do parto normal até é razoável, mas existe muita polêmica em volta desse assunto, e esse não é nosso foco hoje. O que é indiscutível é que o parto normal tem inúmeros benefícios para a mãe e para o bebê, portanto, é uma iniciativa positiva, já que nos convênios particulares a média de cesarianas já estava em 80%!
Mas se a justificativa para essa mudança fossem os ganhos de saúde para a gestante e para o bebê, tudo bem! Porém, a lei foi estipulada visando a diminuição de custos na área da saúde. É complicado querer imitar o modelo de fora, sem que haja aqui no nosso país a mesma estrutura, o mesmo investimento, a mesma formação e preparação dos médicos! Questiono se a médio prazo essa mudança será benéfica para a sociedade, sem que haja esse respaldo...
 
A cobrança da tal taxa de disponibilidade é ilegal e os médicos praticantes devem ser denunciados à ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). Mas sabem quanto ganha um médico obstetra, para fazer um parto? R$ 300,00... Sim, somente R$ 300,00 para ele gastar pelo menos metade de um dia indo até a maternidade, fechar toda a agenda de atendimentos em seu consultório naquele período, ficar à disposição por cerca de 10 horas, em partos normais, ou fazendo uma cirurgia de alto risco que leva cerca de 3 horas, em caso de cesarianas, e depois te visitar nos dias de internação, para acompanhar a sua recuperação e do bebê, e dar a alta hospitalar.
 
E sabe quanto custa uma consulta particular, se ele atender em seu consultório, recebendo pacientes a cada 30 minutos? Também R$ 300,00. Por consulta!
 
Dá para condená-los?
E olhem que os convênios médicos estão cada vez mais caros!!! Nós, usuários, estamos pagando um valor absurdo... Porque não é repassado um valor justo aos médicos? Essa realidade está fazendo com que os bons médicos não atendam mais por convênios, somente de forma particular!
 
Atualmente, a taxa de disponibilidade dos médicos aumentou. Lembram que em 2012/2013 ia de R$ 1.500,00 a R$ 2.000,00? Agora vai de R$ 3.000,00 a R$ 8.000,00! Sim, é isso mesmo que vocês leram. Sim, é verdade. Porque agora, como os partos não podem mais ser agendados, eles têm que estar de prontidão a qualquer dia e horário. E o trabalho de parto, quando feito normalmente, dura em média 10 horas.
 
Mas e se for uma cesariana justificada (como será no meu caso, já que minha última cirurgia é muito recente, apenas 1 ano e 10 meses, e o parto normal pode dilacerar o meu útero)? Já que o parto é agendado, programado, o valor é mais barato? Não, é cobrado o mesmo valor, em qualquer tipo de parto. Por quê?? Também não sei...
 
E um outro problema paralelo está acontecendo... Muitos hospitais de São Paulo, que são tradicionais e renomados, estão fechando suas áreas de maternidade. A justificativa é que partos não são lucrativos, portanto, não compensa financeiramente realizá-los. Nos últimos 5 anos, 17 instituições de saúde do estado de São Paulo já fecharam suas portas para as mamães! Os mais recentes, na capital, foram os Hospitais São Camilo, Santa Marina, Nossa Senhora de Lourdes e o Santa Catarina!Trata-se de uma questão de sobrevivência dos hospitais.
 
A consequência disso, é que estão sobrando poucos hospitais para atendimento às gestantes. Os principais em funcionamento atualmente são o Pró-Matre e o Santa Joana, que inclusive são da mesma gestão. O único detalhe é que com essa escassez de maternidades, os quartos e leitos estão lotados! Achar uma vaga é uma loteria... E por conta da nova lei do parto normal, não será mais possível reservar um quarto com antecedência.
 
É uma triste realidade... e aí, aquele momento tão importante da sua vida, é permeado por essas questões burocráticas e políticas.
 
Mas não desanimem, gravidinhas e aspirantes a mamães! Se não se importarem em serem atendidas pelo plantonista da maternidade, no momento do parto, vocês já têm um enorme caminho andado!
Se forem como eu, que preferem que o médico das consultas de pré-natal realize o parto, liguem em todos os conveniados do seu plano médico, façam cotações, procurem a melhor alternativa, uma pessoa em quem vocês sintam confiança! Sempre vai ter alguém... E aí, como a gente já tem que se preparar financeiramente para o enxoval, quarto do bebê, etc., essa é mais uma despesa para colocarmos na nossa planilha.
Uma outra alternativa que uma das médicas com quem passei me deu, foi verificar no hospital onde ganharei o meu bebê se há no seu quadro algum médico que atenda em consultório e faça partos lá, e então "matar dois coelhos com uma cajadada só".
 
O importante é que estejamos conscientes desse cenário, para que ele seja facilmente resolvido, e não estrague o momento mais sublime na vida de mulher: a hora de dar a luz!
 
Sarah Miranda

segunda-feira, 2 de março de 2015

A luta contra os doces e besteiras!

 
 
Eu tenho uma neném de 1 ano e 9 meses, a Helena, que a partir do momento em que começou a comer comidinhas sólidas (por volta dos 6 meses), virou uma draga! Comia prato de gente grande, de fazer as pessoas ao redor se espantarem! Eu pensava: "Que maravilha! Fui agraciada! Não vou ter problemas relacionados à alimentação com ela!"... Tolinha...
 
Dizem que por volta de 1 ano e pouco eles perdem um o apetite e passam a ficar mais seletivos ao comer. E foi assim mesmo que aconteceu por aqui! Um dia eu tinha uma neném que comia de tudo aos montes e no outro tinha uma "adultinha" que comia um tiquinho de nada ou escolhia o que ia comer (!!!!). E se o ambiente rotineiro mudasse (ex.: casa da praia, casa de amigos, etc.), ou se tivesse outras crianças ao redor, ou qualquer outra distração, aí é que a coisa não ia mesmo.
 
Mas o meu desespero maior foi no início de 2015, quando voltamos do reveillón na praia. Conto porquê: passamos o final do ano lá, com toda a família reunida. Aííí, que a vó coruja levou biscoitos, bolachas, Danoninho, iogurte, e outras cositas más. E claro que na areia sempre rola um espetinho de queijo coalho, uma água de coco, um salgadinho da tia que passa vendendo, e aquela farofada toda. E para belisquetes a Heleninha tem um super apetite! Besteira ela gosta, espinafre e brócolis que ela não quer... rs E todo mundo dava pedacinhos dessas coisas para ela (nada de frituras e doces!). Eu tentava controlar, evitar, mas não ficava falando muito porque senão a gente vira  chata! Mas aprendi que às vezes temos que ser chatas, sim... Para o bem das nossas crianças! Os outros fazem na melhor das intenções, mas só nós conhecemos tão bem os nossos pimpolhos para saber o que é melhor para eles.
 
Resumo da história: na hora de comer comida mesmo, não queria nem saber! Então compensava-se com Danoninho, iogurte, bolachas. Às vezes ela comia frutinhas também. A explicação que todo mundo dava era: "Ah, tá na praia, tá de férias"... "Ah, ela não quer comer porque está muito calor"... "Em casa volta a rotina...".
 
Voltamos para São Paulo. Rotina reinstalada. E aí, cadê que ela voltou a comer?? Cheguei a fazer comidinha fresquinha, apetitosa, colocar na mesa e ela nem querer provar!! Como assim?? Então tive que tomar uma atitude radical! Nada de doces, nada de guloseimas, nada de besteiras. E como estávamos em férias, sentávamos todos à mesa para comermos juntos: o maridão fazia um pratão para ela e para ele, e com ela no colo almoçava/jantava e ia dando colheradas para ela também. Aos poucos a rotina foi retomada, ela comendo só nos horários usuais (mamadeira ao acordar, frutinha por volta das 10h00, almoço às 12h00, frutinha após a soneca da tarde, jantar às 18h30 e mamadeira antes de dormir), e voltou a comer bem a comidinha!
 
Vejam bem: eu não tenho uma nenê que come mal (o que é bem diferente e bem mais complicado!). Eu tenho uma nenê com estômago proporcional à idade dela, ou seja, pequenino, que se enche fácil! E claro que entre guloseimas e arroz/feijão, ela vai preferir a primeira opção.
 
Descobri com essa história toda a receita para não passar por isso de novo: rotina e disciplina! A rotina faz com que as crianças sintam fome todos os dias no mesmo horário. Hoje, quando vai chegando a hora do almoço, ela mesma pede "papá". E a disciplina é para não oferecermos comidinha fora de hora e se possível nem termos em casa esses "ladrões de apetite". Ou se tivermos, dar somente alguns dias, não todos. Eu costumo enviar na lancheira da escola às sextas-feiras, que é o "Dia da Guloseima".
 
Mas a história da disciplina não é fácil!!! É uma luta diária, principalmente quando há interação com outras crianças, com hábitos diferentes. Na escola, há alguns dias, a professora me disse que na hora do lanchinho a Helena via o Danoninho dos colegas e ficava pedindo (isso nos dias da semana, de segunda a quinta, quando os lanchinhos devem ser saudáveis! Eu geralmente mando frutinhas, em vez de doce). Fiquei morrendo de dó... Mas não gosto muito de dar Danoninho, principalmente depois que li a matéria desse link (http://criancabemnutrida.com/2015/01/30/danoninho-nao-vale-por-um-bifinho/). Vejam que a indicação desse produto, segundo a própria fabricante, é  para crianças a partir de 4 anos (simmmm, 4 anos!!!!!) devido aos corantes, conservantes e açúcar! Qual foi a alternativa? Achei no mercado um produto um poooouco menos agressivo, que é um iogurte branco com pedaços de frutas. E vem em uma embalagem redondinha, do tamanho do Danoninho. A Heleninha adorou!! Quando viu já falou: "None? None?"... rsrsrs



Atualmente tenho uma neném saudável, que come super bem, de tudo o que colocamos no prato dela! E é uma ótima consumidora de frutas! Ama qualquer fruta, principalmente uva.

Querem provas? Essas fotos são do almoço de hoje!

ANTES
 
 DEPOIS

E vejam só... Eu já estava com esse post "engatilhado", quando recebo da minha amiga Juliana Rovaris uma publicação da nutricionista materno-infantil Andreia Friques em sua rede social, que tem tudo a ver com o que contei acima para vocês. Transcrevo abaixo:
 
Algumas razões para não dar açúcar aos bebês:
  • Açúcar branco é uma caloria vazia, não tem nenhum nutriente importante para o organismo.
  • Quando em excesso, aumenta muito a chance de obesidade, diabetes, câncer e várias outras doenças.
  • Entre 1 ano e meio e 3 o apetite dos pequenos diminui e eles entram numa fase chamada "Mini Adolescência". Muitos "param de comer" ou tornam-se seletivos. Aqueles acostumados a comer açúcar, certamente enfrentarão muito mais dificuldades nessa fase e a família sofrerá mais.
  • Quanto mais oferecermos os alimentos adoçados artificialmente, mais o bebê vai preferir esse tipo de alimento e mais difícil será introduzir outros sabores.
  • O açúcar mascara o sabor original do alimento e o bebê tende a recusá-lo quando oferecido da forma natural.¨
  • O carboidrato que nós precisamos para termos energia já está presente nas frutas e nos demais alimentos em quantidades suficientes.
  • Adicionar açúcar, ou produtos ricos em açúcar (como por exemplo muitos engrossantes existentes no mercado), às preparações, é começar a vida dele com excessos e, no futuro, poderemos nos arrepender!
Seu bebê é uma página em branco! Cuidado com o que você escreverá nos primeiros capítulos dessa história!

 
Alguém se reconhece em algum desses pontos? Ainda dá tempo de mudar!

Sarah Miranda