Como se já não bastassem os hormônios durante a gravidez (que alteram nossa sensibilidade, humor, emoções, etc.), a recuperação do parto (seja ele normal, natural ou com intervenção cirúrgica), a adaptação à nova rotina com o bebê, o aprendizado da amamentação, a depressão pós-parto (que acomete de 10% a 15% das mulheres e é caracterizada por tristeza, apatia e desinteresse pelas tarefas do dia a dia e pelo bebê, mesmo ele nascendo perfeito e fofo), e outros "perrengues" que passamos no processo de ser mãe, ainda existe mais um, que descobri na "prática": a depressão pós-desmame!
Um aviso às amigas que ainda não têm filhos ou que estão gestantes: não se assustem com essas informações. Nada disso é novidade, vocês já devem ter ouvido muitas outras mulheres falarem de várias dessas situações e além disso é importante ser realista e honesta. (rsrs) Mas a boa e verdadeira notícia é que tudo isso é ínfimo, pequeno e exponencialmente compensado pela felicidade da maternidade, de ter um serzinho tão gracioso em casa, de ensinar e reconhecer as conquistas diárias e de amar e ser amada de forma incondicional.
Mas voltando...
Vou contar como foi minha experiência da amamentação e do desmame: eu queria muuuuito amamentar. Sonho de toda mãe! Claro que no começo é complicado, nem a mãe e nem o bebê sabem como é o processo, é um aprendizado mútuo! Enfim, deu certo... nos conectamos! E a Heleninha, minha princesa, tomou exclusivamente leite materno até os 6 meses, a partir daí iniciamos , gradativamente, com as papinhas doces e salgadas no almoço e janta, e então ela passou a mamar somente ao acordar, no meio da tarde e antes de dormir. E éramos todos felizes para sempre dessa forma. Até ela completar 1 ano de idade, que foi quando a desmamei abruptamente, e explico o por quê!
Logo que ela nasceu, o leite desceu que foi uma maravilha! Ficava com os seios cheios, até doloridos de tanto leite! E dá-lhe mamá! Mas cerca de 3 meses depois, notei que o volume do leite já não era o mesmo, os seios já não enchiam tanto e às vezes ficavam muuuuuurchos, murchos... Parecia que não tinham nada...
Comentei isso com a pediatra e também notamos que a Helena estava mais magrinha do que deveria, para a idade dela. Percebemos, então, que o meu leite não estava sendo suficiente para ela. Tentamos o complemento industrial, mas a Helena teve muitas cólicas (que são causadas porque o intestino ainda não está maduro, totalmente formado) e o leite industrial só agravou esse quadro! No dia em que dei complemento, ela chorou 8 horas sem parar! Que dó da bichinha...
Então minha médica me receitou um remédio chamado EQUILID, para aumentar a produção do meu leite. Ele é vendido somente com receita médica. Vejam o que diz a bula: "EQUILID é um medicamento neuroléptico (utilizado para tratamento psiquiátrico ou de doenças mentais) a base de sulpirida, indicado para pacientes com estados neuróticos depressivos, síndromes vertiginosas e esquizofrenia."
OIIIIII???? Sim, é isso mesmo que vocês leram. E na parte sobre os efeitos colaterais que o medicamento pode causar, está "distúrbios endócrinos: hiperprolactinemia (aumento da concentração do hormônio prolactina que estimula secreção de leite)". Aháááá!!! Então o aumento do leite não é a principal função do remédio, é uma consequência, um efeito colateral!
Claro que eu li tudo isso e claro que fiquei com receio e claro que falei com a minha médica sobre isso. Mas ela me tranquilizou, disse que muitas lactantes tomam esse remédio por anos sem prejuízo algum, que com doses diárias pequenas, como ela estava me receitando, não haveria problemas, etc. Então comecei a tomar o tal do remédio, e PLIMMMM: leite jorrando! Funcionou mesmo!
Porém, tive que trocar de convênio médico perto da Helena fazer 1 ano de idade e essa minha pediatra não atendia o novo plano. Ué, sem problemas, eu passaria em outros médicos da rede credenciada do novo convênio. Ah é? E cadê que os médicos tinham data para me atender??? Como a Helena era "nova paciente", não havia agenda disponível para consultas e nem encaixe! Liguei em todos os da minha região! Resultado: minha nenê ficou 3 meses sem acompanhamento médico. Ainda bem que Deus a abençoou com saúde!
E o EQUILID???? Acabou. E eu não tinha mais receita médica para comprá-lo. No desespero, tentei até usar a receita médica de uma amiga, mas claro que não deu certo. Então, a fonte natural esgotou e eu tive que desmamá-la assim, de um dia para o outro. Isso NÃO é aconselhado, porque a amamentação é uma conexão muito forte entre mãe e filho, de nutrição e de afeto, e cortar esse laço tão bruscamente traz problemas emocionais e físicos à ambos. Queria muito ter feito diferente, mas não tive escolha! Mas graças a Deus, a Helena não teve muitos problemas com essa mudança. Ela demorou um pouquinho para se acostumar à mamadeira e ao novo leitinho, mas alguns dias depois já estava mamando bem no novo formato. Ela me surpreende, é muito adaptável!
Mas eu, minha gente... com a parada abrupta da amamentação, as mudanças hormonais naturais causadas por esse ato, a tristeza pelo "desligamento" com a minha filha (amamentar era um momento só nosso, meu e dela, e isso era importante para mim) somadas à parada abrupta do remédio também (lembrem da bula!!)... eu virei uma avalanche de sentimentos, de emoções, de loucura, de choros, de explosões. Surtei pelos motivos mais bobos, gritei, chorei, chorei, chorei. Eu sentia uma tristeza palpável, pelos motivos mais diversos. Me sentia sozinha, sem amigos, presa à nova vida, sentia falta da minha liberdade de antes. Gente, quando estamos em desequilíbrio, a mente vira uma forte inimiga. O que ela "diz", você acredita!
Em um dia de crise fortíssima, achando que o marido ia pedir "arrego", ele chegou em casa (eu estava chorando no chuveiro!! Atualmente nem podemos mais nos dar esse luxo, já que a crise da água está feia! Banho de gato, só) com flores lindas e um cartão no qual ele escreveu: "Amor, já passamos por altos e baixos juntos. Hoje, você que está para baixo, mas saiba que estou com a mão estendida para te ajudar a subir". Me fala se isso não é realmente um parceiro. É por isso que a decisão de ter filhos tem que ser do casal, dos dois... Para que em momentos como esse, um ampare o outro e que a tarefa conjunta de serem pais fortaleça ainda mais o casamento.
Essa fase durou cerca de 2 meses. Eu quero deixar claro que nunca deixei que essa "bagunça" dentro de mim afetasse a minha relação com a nenê. Com ela, eu me controlava, mantinha a calma e o bom senso. E a boa notícia, é que meus hormônios foram se normalizando no meu corpo, aquelas explosões passaram, os fantasmas sumiram e eu voltei a ser a boa, equilibrada e paciente Sarah de sempre. Ufa!
Pessoal, eu não sou médica, e também não sou contra quem receita ou quem toma esse remédio. Também não estou dizendo que o medicamento não presta, faz mal, etc. Cada um faz a sua escolha e cada corpo reage de uma forma! Esse post é somente para dividir a minha experiência com vocês. E tudo isso aconteceu comigo nessa proporção porque tive que parar de tomá-lo de uma vez! Um dia eu tinha o remédio, e no outro dia já não tinha mais. E isso ligou a "montanha-russa". Se você for tomar ou se estiver tomando esse medicamento, não se preocupe, ele vai atender ao seu principal objetivo, que é aumentar a produção do leite materno. E quando for o momento de desmamar, faça-o aos poucos, gradativamente, diminuindo uma mamada de cada vez, sem prejudicar você e o bebê. Dessa forma, com certeza você não vai passar pelo que passei!
Mas de qualquer forma, agora, prestes a ter o meu segundo bebê, com certeza vou deixar a Natureza comandar. Se eu tiver leite suficiente, ótimo! Senão, tudo bem, não vou ser "menos mãe" por não conseguir amamentar ou não dar exclusivamente leite materno até os 6 meses. Sem crises, sem sofrimentos.
E bora curtir a vida em paz, conosco e com o mundo! Equilíbrio, sempre.
Eu, amamentando a minha pequena
Helena, aos 2 meses de idade
Sarah Miranda
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