sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Criança não pode passar vontade! Será??

 
Sempre ouvimos dizer que criança não pode passar vontade. Por quê? "Ah, porque senão fica com febre", "senão fica doente", "porque é judiação"... E aí, seguimos obedecendo essa ordem, oferecendo doces, brinquedos e tudo o mais que a criança vê, pede ou chora porque quer.
 
Eu acho que essa ordem foi passada para nós pelos nossos avós e pais, que viveram épocas muito controladas, onde tudo era mais difícil, algumas coisas eram inacessíveis, os tempos eram de crise. Eles com certeza tinham vontade de nos dar um Danoninho que víamos no mercado, uma Barbie que víamos nas lojas, e outras coisas, que não tinham condições de comprar. Hoje, como tudo está mais fácil, mais acessível, até supérfluo, eles podem "compensar" oferecendo aos seus netos tudo o que eles querem.
 
Acontece que antes de sairmos dando tudo o que as crianças vêem e querem, já que elas não podem passar vontade, temos que avaliar se elas realmente precisam, se fará bem à elas. Afinal, nós somos os adultos! Algumas vezes, é melhor dar uma recompensa em forma de carinho, ou algo simbólico, como estrelinhas ou parabéns no caderno, em vez de brinquedos e doces.
 
Esse último feriado, estávamos na praia, e a Helena viu na bolsa da tia um suco de caixinha, que era para o primo. Claro que ela quis tomá-lo, assim que o viu! Mas já era quase meio-dia e eu sabia que se ela tomasse o suco, não almoçaria! Portanto, o que era melhor para ela? A solução foi "distraí-la" com um biscoitinho leve, que não enche a barriga, e já leva-la para almoçar!
 
Acredito que às vezes é melhor negociar com as crianças, substituir o que elas querem por outra coisa, ou deixar passar vontade mesmo. Porque hoje, a vontade é de suquinho, de docinho, de comidinhas. Depois, de brinquedos. E amanhã, será dos IPhones, dos Ipads, e dos outros I-qualquer coisa que virão por aí! E a brincadeira começa a ficar mais séria!
 
E o que vai acontecer com a criança que nunca passou vontade, na hora em que ela quiser algo que os pais não podem comprar? Ou quando ela quiser algo que é do colega? Que tipo de mensagem estamos passando para essas crianças agora? Que tipo de adultos estamos criando para o futuro?
 
Eu acho que "passar vontade" é mais um sentimento com o qual temos que ensinar as crianças a lidarem. Afinal, elas têm que entender a realidade dos seus pais, as dificuldades da vida, o quanto custa conquistar seu próprio dinheiro, ensinar o real valor das coisas!
 
Nós, provavelmente, fomos crianças que passamos muitas vontades, mas estamos aqui! E não temos nenhuma sequela psicológica por causa disso. Eu acho que "passar vontade" é ótimo, porque nos impulsiona a conquistar o que queremos, nos determina a chegar lá! Foi porque passei vontade que fui trabalhar cedo para ter meu próprio dinheiro, foi porque passei vontade que fui estudar na melhor faculdade de comunicação, foi porque passei vontade que entrei em uma empresa ótima e fiz lá a minha carreira, foi porque passei vontade que fiz a festa de casamento dos meus sonhos (com o marido dos sonhos tb...rs), foi porque passei vontade que conseguimos comprar o nosso apê... E continuo com vontade de mais!
 
E é isso que vou ensinar aos meus filhos: que passar vontade não é ruim! E que o que eles não puderem conseguir hoje, devem trilhar o caminho mais justo e honesto para conquistar no futuro! E aí, eles terão tudo o que quiserem...
 
"Tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus..."
Romanos 8, 28.

Sarah Miranda

Campanha #DigaNãoaoAborto

Há alguns dias está rolando no Facebook e outras redes sociais a campanha anti-aborto, que consiste em postar fotos de si mesma grávida, com a hashtag da campanha (#DiganãoaoAborto) e desafiar outras amigas mães ou gestantes a fazerem o mesmo! O objetivo é sensibilizar as futuras mamães a aceitarem seus filhos, evitar abortos feitos em clínicas ilegais, que põem em risco a saúde das próprias gestantes, e mostrar que um filho traz muita felicidade e realização.
 
A campanha também chamou a atenção de pessoas que defendem uma posição contrária, ou seja, a legalização do aborto, o direito das mulheres interromperem a gravidez, quando indesejada. Isso envolve muitas discussões, como os recursos financeiros dos pais, a necessidade de um lar equilibrado e estruturado, a aceitação da criança, impactos psicológicos no futuro, etc. É uma história que "dá pano pra manga"! A repercussão foi tanta, de ambos os lados, que até chamou a atenção da imprensa.
 
Vale uma reflexão... Qual é a sua visão sobre o assunto? Você é a favor ou contra o aborto?
 
Eu sei de todos os problemas que uma gravidez indesejada pode trazer, mas ainda sou à favor da vida. Acho que toda ação gera uma reação, e temos que saber lidas com as consequências, sejam elas positivas ou não (a nosso ver!). Afinal, todo mundo sabe o que acontece se não se prevenir!
 
Tenho várias amigas que ficaram grávidas no susto, e o baque inicial foi grande, mas superada essa fase, curtiram seus barrigões e hoje são plenamente felizes com seus filhotes! Claro que o aborto veio à mente delas, no primeiro momento, no desespero. Mas hoje, se falarmos de aborto para elas, têm um troço!
 
E, para mostrar a minha opinião, postei no meu Facebook a foto abaixo, com a seguinte legenda:
 
"Fui desafiada pela minha amiga a postar fotos da minha gravidez da Heleninha, pela campanha ‪#‎diganãoaoaborto‬. Desafio aceito e cumprido! Segue imagem do meu momento mais pleno, mais feliz: quando passei a ser mãe! Porque nos tornamos mãe a partir do momento em que escutamos o coraçãozinho bater dentro de nós!
Sim à vida!"


Querem participar da campanha? Façam o mesmo! Mostrem ao mundo os seus barrigões!

Sarah Miranda
 

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Depressão pós-desmame: Sim, isso existe!

 
Como se já não bastassem os hormônios durante a gravidez (que alteram nossa sensibilidade, humor, emoções, etc.), a recuperação do parto (seja ele normal, natural ou com intervenção cirúrgica), a adaptação à nova rotina com o bebê, o aprendizado da amamentação, a depressão pós-parto (que acomete de 10% a 15% das mulheres e é caracterizada por tristeza, apatia e desinteresse pelas tarefas do dia a dia e pelo bebê, mesmo ele nascendo perfeito e fofo), e outros "perrengues" que passamos no processo de ser mãe, ainda existe mais um, que descobri na "prática": a depressão pós-desmame!
 
Um aviso às amigas que ainda não têm filhos ou que estão gestantes: não se assustem com essas informações. Nada disso é novidade, vocês já devem ter ouvido muitas outras mulheres falarem de várias dessas situações e além disso é importante ser realista e honesta. (rsrs) Mas a boa e verdadeira notícia é que tudo isso é ínfimo, pequeno e exponencialmente compensado pela felicidade da maternidade, de ter um serzinho tão gracioso em casa, de ensinar e reconhecer as conquistas diárias e de amar e ser amada de forma incondicional.
 
Mas voltando...
 
Vou contar como foi minha experiência da amamentação e do desmame: eu queria muuuuito amamentar. Sonho de toda mãe! Claro que no começo é complicado, nem a mãe e nem o bebê sabem como é o processo, é um aprendizado mútuo! Enfim, deu certo... nos conectamos! E a Heleninha, minha princesa, tomou exclusivamente leite materno até os 6 meses, a partir daí iniciamos , gradativamente, com as papinhas doces e salgadas no almoço e janta, e então ela passou a mamar somente ao acordar, no meio da tarde e antes de dormir. E éramos todos felizes para sempre dessa forma. Até ela completar 1 ano de idade, que foi quando a desmamei abruptamente, e explico o por quê!
 
Logo que ela nasceu, o leite desceu que foi uma maravilha! Ficava com os seios cheios, até doloridos de tanto leite! E dá-lhe mamá! Mas cerca de 3 meses depois, notei que o volume do leite já não era o mesmo, os seios já não enchiam tanto e às vezes ficavam muuuuuurchos, murchos... Parecia que não tinham nada...
Comentei isso com a pediatra e também notamos que a Helena estava mais magrinha do que deveria, para a idade dela. Percebemos, então, que o meu leite não estava sendo suficiente para ela. Tentamos o complemento industrial, mas a Helena teve muitas cólicas (que são causadas porque o intestino ainda não está maduro, totalmente formado) e o leite industrial só agravou esse quadro! No dia em que dei complemento, ela chorou 8 horas sem parar! Que dó da bichinha...
 

Então minha médica me receitou um remédio chamado EQUILID, para aumentar a produção do meu leite. Ele é vendido somente com receita médica. Vejam o que diz a bula: "EQUILID é um medicamento neuroléptico (utilizado para tratamento psiquiátrico ou de doenças mentais) a base de sulpirida, indicado para pacientes com estados neuróticos depressivos, síndromes vertiginosas e esquizofrenia."

 
OIIIIII???? Sim, é isso mesmo que vocês leram. E na parte sobre os efeitos colaterais que o medicamento pode causar, está "distúrbios endócrinos: hiperprolactinemia (aumento da concentração do hormônio prolactina que estimula secreção de leite)". Aháááá!!! Então o aumento do leite não é a principal função do remédio, é uma consequência, um efeito colateral!
 
 
 Claro que eu li tudo isso e claro que fiquei com receio e claro que falei com a minha médica sobre isso. Mas ela me tranquilizou, disse que muitas lactantes tomam esse remédio por anos sem prejuízo algum, que com doses diárias pequenas, como ela estava me receitando, não haveria problemas, etc. Então comecei a tomar o tal do remédio, e PLIMMMM: leite jorrando! Funcionou mesmo!
 
Porém, tive que trocar de convênio médico perto da Helena fazer 1 ano de idade e essa minha pediatra não atendia o novo plano. Ué, sem problemas, eu passaria em outros médicos da rede credenciada do novo convênio. Ah é? E cadê que os médicos tinham data para me atender??? Como a Helena era "nova paciente", não havia agenda disponível para consultas e nem encaixe! Liguei em todos os da minha região! Resultado: minha nenê ficou 3 meses sem acompanhamento médico. Ainda bem que Deus a abençoou com saúde!
 
E o EQUILID???? Acabou. E eu não tinha mais receita médica para comprá-lo. No desespero, tentei até usar a receita médica de uma amiga, mas claro que não deu certo. Então, a fonte natural esgotou e eu tive que desmamá-la assim, de um dia para o outro. Isso NÃO é aconselhado, porque a amamentação é uma conexão muito forte entre mãe e filho, de nutrição e de afeto, e cortar esse laço tão bruscamente traz problemas emocionais e físicos à ambos. Queria muito ter feito diferente, mas não tive escolha! Mas graças a Deus, a Helena não teve muitos problemas com essa mudança. Ela demorou um pouquinho para se acostumar à mamadeira e ao novo leitinho, mas alguns dias depois já estava mamando bem no novo formato. Ela me surpreende, é muito adaptável!
 
Mas eu, minha gente... com a parada abrupta da amamentação, as mudanças hormonais naturais causadas por esse ato, a tristeza pelo "desligamento" com a minha filha (amamentar era um momento só nosso, meu e dela, e isso era importante para mim) somadas à parada abrupta do remédio também (lembrem da bula!!)... eu virei uma avalanche de sentimentos, de emoções, de loucura, de choros, de explosões. Surtei pelos motivos mais bobos, gritei, chorei, chorei, chorei. Eu sentia uma tristeza palpável, pelos motivos mais diversos. Me sentia sozinha, sem amigos, presa à nova vida, sentia falta da minha liberdade de antes. Gente, quando estamos em desequilíbrio, a mente vira uma forte inimiga. O que ela "diz", você acredita!
 
Em um dia de crise fortíssima, achando que o marido ia pedir "arrego", ele chegou em casa (eu estava chorando no chuveiro!! Atualmente nem podemos mais nos dar esse luxo, já que a crise da água está feia! Banho de gato, só) com flores lindas e um cartão no qual ele escreveu: "Amor, já passamos por altos e baixos juntos. Hoje, você que está para baixo, mas saiba que estou com a mão estendida para te ajudar a subir". Me fala se isso não é realmente um parceiro. É por isso que a decisão de ter filhos tem que ser do casal, dos dois... Para que em momentos como esse, um ampare o outro e que a tarefa conjunta de serem pais fortaleça ainda mais o casamento.
 
Essa fase durou cerca de 2 meses. Eu quero deixar claro que nunca deixei que essa "bagunça" dentro de mim afetasse a minha relação com a nenê. Com ela, eu me controlava, mantinha a calma e o bom senso. E a boa notícia, é que meus hormônios foram se normalizando no meu corpo, aquelas explosões passaram, os fantasmas sumiram e eu voltei a ser a boa, equilibrada e paciente Sarah de sempre. Ufa!
 
Pessoal, eu não sou médica, e também não sou contra quem receita ou quem toma esse remédio. Também não estou dizendo que o medicamento não presta, faz mal, etc. Cada um faz a sua escolha e cada corpo reage de uma forma! Esse post é somente para dividir a minha experiência com vocês. E tudo isso aconteceu comigo nessa proporção porque tive que parar de tomá-lo de uma vez! Um dia eu tinha o remédio, e no outro dia já não tinha mais. E isso ligou a "montanha-russa". Se você for tomar ou se estiver tomando esse medicamento, não se preocupe, ele vai atender ao seu principal objetivo, que é aumentar a produção do leite materno. E quando for o momento de desmamar, faça-o aos poucos, gradativamente, diminuindo uma mamada de cada vez, sem prejudicar você e o bebê. Dessa forma, com certeza você não vai passar pelo que passei!
 
Mas de qualquer forma, agora, prestes a ter o meu segundo bebê, com certeza vou deixar a Natureza comandar. Se eu tiver leite suficiente, ótimo! Senão, tudo bem, não vou ser "menos mãe" por não conseguir amamentar ou não dar exclusivamente leite materno até os 6 meses. Sem crises, sem sofrimentos.
 
E bora curtir a vida em paz, conosco e com o mundo! Equilíbrio, sempre.
 
Eu, amamentando a minha pequena
Helena, aos 2 meses de idade

Sarah Miranda

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Entrevista de emprego para o "melhor e pior" trabalho do mundo

O último post foi sobre Carreira X Maternidade. E aí, hoje, recebi esse vídeo da minha amiga Nádia May.

O vídeo mostra um recrutador fazendo uma proposta de emprego aos potenciais candidatos. Preste atenção na descrição da função.

E aí, se identificou? Aceita a vaga? É sua!



Que atire a primeira fralda quem não lacrimejou! Se você não tem filhos, ao menos lembrou da sua mãezinha... 
Eu, grávida e com mil hormônios que me deixam sensível, já corri pra pegar o balde. KKKK

Uma homenagem às mamães, que fazem o "melhor e o pior" trabalho do mundo!

Sarah Miranda

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Eterno dilema: Carreira ou Maternidade?

 
 
Para as mulheres, essa é uma questão muito complicada, porque ficamos divididas entre a realização pessoal e profissional que o trabalho nos proporciona, além da questão financeira, pois hoje em dia, sem dúvida, o salário da mulher é muito importante para compor o orçamento familiar, versus a necessidade de criar os filhos. E quando falo criar, falo de estar realmente junto, ensinar a andar, falar, ler histórias, educar, ajudar nas lições, etc. O nosso instinto maternal e também um pouco da nossa cultura, trazida pelas nossas avós e mães, nos impele para isso, mas a nossa realidade atual é outra! E esse dilema nos acompanha, sem que haja uma resposta ideal ou correta para essa questão.

O fato é que cada mulher deve procurar a sua própria resposta. Deve “se encontrar”, como mãe e profissional, ou somente como mãe. Deve descobrir (às vezes até por tentativas e erros), qual é o seu caminho a seguir. E isso sem ser medo de ser julgada! A nossa sociedade é um pouco “má”, às vezes, porque quer impor um determinado modelo. Mas não tenha medo de seguir o seu coração e fique firme na sua decisão. Você sabe o que é melhor para a sua família, para os seus filhos! Se você e o seu companheiro estiverem em consenso sobre o que fazer, não se preocupe com o resto. E claro, nada é fixo! Afinal, as crianças crescem, mudam, vão aos poucos “soltando-se para o mundo”, e com isso mudam também as nossas prioridades e necessidades.

Essa receita parece simples, mas não é! A gente sofre para tomar uma decisão, sofre por ter que enfrentar julgamentos da sociedade, sofre por ter que encontrar pessoas de confiança que cuidem das crianças no nosso lugar (e que as ame tanto quanto nós!), sofre, sofre, sofre! E se culpa o tempo todo! Ser mãe não é fácil... rs...

 Vou contar para vocês como foi a minha experiência, e qual foi a minha decisão:

Bom, em primeiro lugar, é importante dizer que trabalho desde os 15 anos de idade, sempre em empresas! E contei para vocês nesse post aqui que no meu último emprego trabalhei por 8 anos, registrada, tudo certinho. Ganhava bem, não posso negar. Entrava cedo, saía tarde. Ia para São Bernardo/SP, Guarulhos/SP, viajava para Minas Gerais, etc. Vivia esgotada, cansada, estressada. E além disso, estava estagnada, desmotivada e infeliz. Então, quando engravidei, decidi que não ia mais trabalhar em empresas. Ou ficaria em casa, como mãe em período integral, ou ia trabalhar com algo mais flexível, que me permitisse ganhar dinheiro mas também cuidar da minha neném.

Ficar em casa não deu certo. Para as mulheres como eu, que trabalharam por muito tempo, e que estão acostumadas com a independência, com a realização pessoal, etc., é complicado mudar drasticamente de estilo de vida. Além disso, eu precisava sair de casa, me arrumar, me maquiar, ver gente, conversar. Eu estava pirando em casa! Mas voltar a trabalhar em empresa, jamais!

Aí, fui trabalhar com o marido, como motorista de van escolar. Não foi fácil, não! Aprender caminhos (sempre fui uma negação para decorar caminhos!), dirigir um carro grande, entreter um monte de crianças “viradas no Giraia”, conseguir cumprir os horários, não xingar ninguém no trânsito, fugir de congestionamentos, acidentes, passeatas, alagamentos, avalanches e terremotos e outras mil coisas que só acontecem no trânsito de SP, ufa!

Mas uma das coisas que mais me chamaram a atenção, foi o preconceito da sociedade, inclusive do maridão! Acontece que eu sempre fiz a linha “intelectual”. Desde criança/adolescente amei ler, estudar, e cresci ouvindo que tinha que estudar para ser alguém na vida. Então, segui por esse caminho. Fiz inglês, espanhol, computação, faculdade, inglês e espanhol de novo, pós-graduação, cursos extras, fui dar aula como voluntária, etc. E quando comecei a trabalhar no transporte escolar, muita gente me disse: “você vai deixar todo o seu potencial de lado? A sua carreira? E a sua faculdade e a pós? Você vai dirigir van??” Até o mozão me disse um dia: “Você estudou tanto para fazer isso?? Ficar o dia inteiro dirigindo?”

Comecei até a ficar com vergonha, pensando: “Nossa, será que estou me diminuindo muito? Será que eu quero mesmo fazer isso?”

Gente, mas a diferença está em você FAZER A ESCOLHA. Uma coisa é você não ter escolha. Só tem aquilo e pronto. Aí, vira um fardo, um peso, porque você fica olhando o jardim mais bonito do vizinho. E outra, é você escolher porque QUER! Aí, você ama e valoriza o que faz. E faz bem feito!

E eu amo!!! Dirigir me dá uma sensação de liberdade, de bem-estar! “Livre soy, Livre soy”! E aí, não preciso mais andar de salto, de roupa social, toda empinada como era antes. Agora me visto com o meu estilo, com a minha personalidade, e bem confortável. Meus companheiros de trabalho são crianças, que são puras, verdadeiras, me fazem rir, me dão carinho de graça. Vou escutando música, e muitas vezes, cantando alto no carro! (#aloka) Minha única “decisão estratégica” a ser tomada, é o melhor caminho, o que tem menos trânsito, qual o melhor trajeto para chegar à escola. E aí, de bônus tenho tempo livre pelas manhãs, tempo livre às tardes e quase 3 meses de férias no ano, para viajar e curtir junto com o meu amorzão e a minha Heleninha! Overdose! KKKKK Tá bom para vocês ou não?

Claro que nem tudo são rosas, mas a balança é muito mais positiva do que negativa! E também é claro que eu não ter mais o mesmo salário de antes, fez com que diminuíssemos um pouquinho o nosso custo de vida. Se fez falta? Não! E aí entra o consenso do casal. Agradeço muito por meu marido ter apoiado a minha decisão! Além disso, eu e ele estamos em uma fase desapegada do “ter”, e muito mais preocupados com o “ser” bons pais (ainda mais agora, com um novo baby à caminho!), bons parceiros, etc.

Essa foi a minha escolha, a minha decisão, e deu certo! Estou feliz, realizada e acompanhando o dia a dia da minha princesa. Mas tenho amigas que trabalham fora em período integral (e que também sofrem preconceito, por deixarem seus filhos em escolinhas ou com babás), e justamente porque elas fizeram essa ESCOLHA, estão também felizes e realizadas. E outras que ESCOLHERAM dedicar-se integralmente aos filhos (e também sofrem preconceito por isso!!), também estão felizes e realizadas! O segredo é tomar a sua própria decisão, pesando os prós e os contras, e pensando no bem da família.

E você? Já pensou em qual vai ser a sua ESCOLHA? Depois de feita, não se arrependa. Siga seu coração!
 
Para finalizar, copio aqui 2 textos que me marcaram muito e têm tudo a ver com o nosso assunto de hoje! Os originais em inglês são do blog The Healthy Doctor e já foi traduzido por diversos sites. Segue abaixo a versão que escolhi, do Mamãe de Casa:

TEXTO 1: Carta de uma mãe em tempo integral para uma mãe que trabalha fora

Cara Mãe que trabalha fora,
 
Eu sei que, às vezes, você é julgada por deixar seus filhos aos cuidados de outras pessoas para trabalhar. Algumas pessoas até sugerem que você não ama os seus filhos tanto quanto nós, mães em tempo integral, e que é melhor para as crianças ficarem em casa com suas mães. 

Como podem dizer isso a você? Eu sei que você ama os seus filhos tanto quanto qualquer outra mãe. Eu sei que voltar ao trabalho não foi uma decisão fácil. Você pesou os prós e os contras, muito antes de conceber um bebê. Esta sempre foi uma das decisões mais importantes de sua vida.  

Eu vejo você em todos os lugares. Você é a médica para quem eu levo os meus filhos quando estão doentes. Você é a alergologista do meu filho. Você é a fisioterapeuta que cuidou do meu marido. Você é a contadora que faz nossas declarações fiscais. A professora da escola primária do meu filho. A diretora do nosso centro de acolhimento de crianças. Professora de ginástica da minha filha. A corretora imobiliária que vendeu a nossa casa. Que tipo de mundo teríamos se você não estivesse lá por nós? Se você tivesse sucumbido às pressões daqueles que insistiam que o lugar de uma mãe é em casa? 

Eu sei que você leva em consideração a sua família em todas as propostas de trabalhos. Eu sei que você acorda uma hora antes que todo mundo, pois só assim você pode fazer algum exercício ou ter algum tempo de silêncio. Eu sei que você já participou de reuniões após ficar acordada a noite toda com o seu bebê. Eu sei que quando você chega em casa à noite, o "segundo turno", começa. Os críticos não entendem que você cuida da sua família e mantém um emprego. Você chega em casa, faz o jantar, dá banho nos seus filhos e lê histórias para eles. Você os enche de beijos de boa noite. Você paga as contas, faz as compras de supermercado, lava a roupa, os pratos, assim como qualquer outra mãe faz. 

Eu sei que, muitas vezes, você se sente culpada por passar tanto tempo longe de seus filhos e sacrifica o seu tempo livre. Eu sei que você não pode tirar um "dia de folga" enquanto seus filhos estão na creche. Eu sei que você passou a aceitar que o trabalho é o seu "tempo livre" agora. Eu sei que quando você está no trabalho você não desperdiça um único minuto. Eu sei que você almoça em sua mesa, não sair para tomar um café e é totalmente dedicada e concentrada em seu trabalho. Afinal você decidiu estar lá depois de tudo. Você quer estar lá. 

Eu sei como você é exigente com relação a quem está cuidando de seus filhos, e que esse cuidado é confiável. Eu sei que você só deixa seus filhos em um lugar onde você tem certeza de que eles serão amados e bem cuidados. Eu sei que você passa muitos dias cuidando de seus filhos em casa quando estão doentes, e sei que sacrifica a sua remuneração. Eu sei que, secretamente, você gosta destes dias, e se realiza por estar com seus filhos. 

Eu sei que, às vezes, você se sente culpada por não estar lá o tempo todo. Mas, mãe que trabalha fora, eu sei disso. Você está dando um exemplo maravilhoso para os seus filhos. Você está mostrando a eles que uma mulher pode ter uma carreira, contribuir de alguma forma fora de casa, e ainda ser uma mãe amorosa. Você está mostrando para as suas filhas que elas podem fazer o que quiserem de suas vidas. Você está mostrando força, resistência, dedicação, persistência e está fazendo isso com muita alegria e amor. 

Eu apenas queria que você soubesse que eu entendo. Porque nós duas somos mães. 
Saudações das trincheiras!

 Assinado: Mãe em tempo integral.

TEXTO 2: Carta de uma mãe que trabalha fora para uma mãe em tempo integral

Cara Mãe em tempo integral,
 
Algumas pessoas têm questionado o que você faz em casa o dia todo. Eu sei o que você faz. Eu sei porque eu sou uma mãe e por um tempo eu fiz isso também. 

Eu sei que você faz o trabalho não remunerado, muitas vezes o trabalho ingrato, que começa no momento em que você acorda e nem termina quando você vai dormir. Eu sei que você trabalha aos fins de semana e durante a noite, sem que consiga identificar com clareza quando acaba o seu dia ou quando chega o final de semana. Eu sei que as recompensas existem, mas nem sempre são muitas. 

Eu sei que raramente você consegue tomar uma xícara de café ou chá. Eu sei que sua atenção está sempre dividida e que quase sempre começa uma nova tarefa antes de, sequer, ter terminado a outra. Eu sei que você, provavelmente, não consegue um tempo para descansar, mesmo estando em casa, a menos que você tenha um filho único que ainda tire alguns cochilos durante o dia. 

Eu sei dos seus desafios diários, geralmente sem o apoio do seu marido. As birras, os acidentes do desfralde, as batalhas na hora da comida, a comida no chão, o giz de cera na parede, a rivalidade entre irmãos, o bebê que parece nunca parar de chorar. Eu sei como o trabalho parece incessante, como um ciclo sem fim - você compra alimentos, prepara, cozinha, tenta dar para seus filhos, limpa o chão, lava os pratos e repete isso de três em três horas. 

Eu sei que você fantasia ter uma hora para si mesma para comer em paz, ou tirar um cochilo à tarde. Eu sei que às vezes você se pergunta se tudo vale a pena e sente inveja de suas amigas que têm pausas para um café no meio do expediente. Eu sei que, às vezes, quando seu marido chega em casa à noite após um dia de trabalho e quer colocar os pés para cima, justo quando você precisa de um alívio, isso te dá vontade de chorar. 

Eu sei que você é incompreendida por muitos que não entendem as dificuldades de cuidar dos filhos pequenos sozinha, o dia todo, e se referem a você como alguém que está curtindo a vida. Eles imaginam que você passa o seu dia tomando café enquanto seus filhos brincam em silêncio. Eu sei que você perdeu a sua independência financeira. Eu sei que você acha engraçado e, às vezes, irritante quando alguém fala "graças a Deus, hoje já é sexta-feira!".  Porque, para você, todo dia é a mesma coisa - não há sexta-feira, nem pausa alguma em seu trabalho. Eu sei que muitas pessoas não entendem que você trabalha - você simplesmente trabalha, mas não é remunerado e é em casa. 

Mãe em tempo integral, eu não sei como você consegue fazer tudo isso. Eu admiro a sua paciência infinita, a sua capacidade para enfrentar cada dia com um sorriso e levar alegria para a vida de seus filhos, mesmo quando eles te desafiam. Admiro sua dedicação em ser uma presença constante na vida de seus filhos, mesmo que nem sempre seja uma tarefa fácil. Admiro a maneira como você trabalha sem esperar qualquer recompensa - sem promoções, sem fama, sem salário. Eu sei que você quer que seus filhos se sintam importantes e amados, e mãe em tempo integral, isso é o que você faz de melhor. 

Eu apenas queria que você soubesse que eu entendo. Nós duas somos mães. E eu sei.
Saudações das trincheiras!

Assinado: Mãe que trabalha fora.

Sarah Miranda

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Como nasceu esse Blog...




Não, ser blogueira não era um plano que eu tinha há muito tempo, que era meu sonho, etc. A idéia surgiu do nada, um “insight” após me frustrar com diversas tentativas de atividades com as quais não me identifiquei e/ou não me trouxeram o prazer que eu esperava.

Mas para contar essa história, eu preciso começar do começo... Vamos lá?
Tudo começou em agosto de 2012, quando descobri que estava grávida da minha primeira filha, a Helena, a princesa e luz da minha vida. Isso aconteceu depois de 8 meses tentando engravidar, a ansiedade no céu, decepcionada todos os meses com a chegada da menstruação, vários testes de farmácia negativos e o desespero já batendo à porta, a ponto de fazer todos os exames para checar se estava tudo bem comigo e obrigar o marido a fazer o mesmo! (rs) Mas os resultados dos exames do marido nem haviam chegado ainda, quando descobri que já estava grávida. ÊÊÊÊÊÊÊÊÊ!!!!!

A partir daí, minha vida toda virou de ponta cabeça! Minhas prioridades mudaram, o meu foco era o bebê que estava por vir, e que eu aguardava há tanto tempo. Nessa época eu já estava bastante infeliz e estagnada na empresa onde trabalhei durante 8 anos, e além disso, a carga horária lá era bem puxada. Saia de casa cedo, voltava tarde e ainda visitava as demais unidades que ficavam em outras cidades. Portanto, a única certeza que eu tinha, era que eu não queria voltar para lá após a licença-maternidade! Queria algo mais flexível, para curtir minha filhota, queria mais qualidade de vida para ficar com a minha família.

E então, as dúvidas surgiram: O que vou fazer? Serei ”mãe e do lar” em tempo integral? Vou abrir meu próprio negócio? Vou trabalhar com o marido? Enfim, mil e uma perguntas sobre o meu futuro próximo.

Vale comentar aqui que eu tenho um “comichão”, um “siricutico”, que me impede de ficar parada. Eu não consigo ficar sem criar, sem produzir, sem interagir com “gente”. Sou ligada no 220V, meu cérebro não pára! Sou totalmente voltada às pessoas, à interação, à comunicação! Então, vocês devem imaginar que a primeira opção não deu certo. Surtei, pirei, chorei! Claro que os hormônios têm muita culpa nisso, mas essa não era uma alternativa para mim.
E então, em julho de 2013, com a Heleninha com apenas 2 meses, e eu já entediada na minha licença-maternidade (como alguém fica entediada, com um bebê recém-nascido, que demanda atenção o tempo todo?? Pois é... sintam a intensidade do meu “comichão”! rsrs), criei a minha própria empresa de eventos, a Sarahcoteando, que era um sonho de muito tempo, haja vista minha formação com Relações Públicas!
A proposta era decorar e personalizar eventos pequenos, como chás de bebê, aniversários, noivados, etc. Com esse novo negócio, que durou 2 anos, fiz muitas festas incríveis, das quais me orgulho com todo o meu ser! E fazer parte desses momentos tão importantes na vida das pessoas que me contrataram, foi mágico, marcante, intenso!
Vejam alguns dos eventos que fiz:



 E claro, o aniversário de 1 ano da minha Heleninha, no tema "Corujas"!
 
 
Masssssss, a gente só sabe se um sonho vai dar certo, se o vivermos! E não me arrependo de nada do que fiz, muito pelo contrário. Acontece que percebi que: 1) Fazer os eventos demandava muuuuuuuuito trabalho antes, durante e depois, e isso me desgastava bastante. Virei várias noites trabalhando; 2) Não me dava o retorno que eu precisava, pois o trabalho manual não é muito valorizado, e a matéria-prima, por sua vez, é cara! E ainda levei alguns calotes. Ainda bem que foram poucos; 3) O meu principal objetivo ao sair do mundo corporativo, que era curtir minha família, estava sendo afetado pois eu estava com tanta coisa por fazer, que não tinha tempo de cuidar da minha nenê e muito menos do marido!
Então, desisti da Sarahcoteando, sem peso no coração, pois foi “um amor eterno enquanto durou”. Será uma lembrança boa.
Mesmo antes da Sarahcoteando extinguir-se, como ela não estava me dando o retorno que eu queria, comecei a trabalhar com o marido, em janeiro de 2014. Ele tem uma empresa de transporte escolar, e fiquei responsável por dirigir uma das vans. Simmm, esse foi mais um desafio que encarei e me orgulho também de ter conseguido cumprir esse papel e do bom trabalho que fiz e faço nessa função! Eu sempre amei crianças. Mas o que aconteceu foi muito maior! O fato é que me envolvi com as crianças de um jeito, criei um amor por elas e elas por mim, que foi uma coisa de louco! E isso me motiva, me levanta da cama (às 05h30!!), me anima, me empurra para a frente todos os dias. E sim, essa ainda é minha atividade atualmente!
Mas o transporte escolar tem um enorme privilégio, que são os tempos ociosos entre os horários de entrada e saída da escola, que nos permitem curtir a nenê, cuidar da casa, fazer os serviços de banco, ir aos médicos, fazer exames, etc.
Nesse ano de 2015, a minha pequetucha, que já está com 1 ano e 8 meses, começou a frequentar a escolinha na parte da manhã. E também contratei uma babá, pois saio de casa muito cedo e preciso de ajuda para arrumar a nenê para ir à escola nesse meio tempo, e ao meio-dia também estou trabalhando, portanto preciso de alguém para dar o almoço para ela e fazê-la dormir. Com a ajuda da babá, fiquei com bastante tempo vago, para mim. Xiiiiiiii, lá vem o meu “comichão” de novo! Tentei me enveredar na venda de cosméticos, mas não me identifiquei, não rolou.
E aí, aconteceu uma novidade que mais uma vez transformou as nossas vidas, os nossos planos, as nossas metas! Bem no finalzinho do ano de 2014, faltando 3 dias para o revéillon, toda a família reunida na casa da praia, esperando a virada do ano e curtindo o calorão típico do verão, fiz as contas dos dias da última menstruação, e vi que estava bem atrasada. Hummmmm.... Será?? Eu e o maridão fomos comprar um teste de farmácia. No dia seguinte, primeira urina do dia, fiz o teste: batata! Apareceram os 2 pauzinhos que confirmavam que nossa família ia crescer, que mais um nenê ia alegrar nossa casa, que nosso coração ia ter mais um integrante. Anunciamos a novidade para a família bem na virada do ano, e os fogos da chegada de 2015 foram nossos, foram para nós, foram para comemorar a nossa alegria.
 
 
E então, me deu um estalo: um blog! Por que não escrever (que é minha outra paixão!) sobre o que eu amo, que são crianças, sobre meus filhos, sobre minhas experiências, sobre o que a prática da maternidade me ensinou? Eu mesma, em muitos momentos de apuros e desesperos, recorri à blogs, que foram muito úteis para mim! E por que não posso fazer isso para outras pessoas também? E não existe momento mais apropriado do que agora, com a Heleninha com 1 ano e 8 meses, ou seja, uma boa vivência, já que os primeiros meses são os mais difíceis, e com uma nova gravidez acontecendo.
Espero que vocês se identifiquem com esse blog, que ele seja seu “amigo” nas horas difíceis, ou nas horas de lazer. Se precisar de ombro amigo, de ajuda ou se divertir, corre para a Barra da Saia da Mãe! Será uma simbiose, um pouquinho de vocês em mim, e um pouquinho de mim em vocês!
Mas não me deixem “falando sozinha”: troquem comigo, me digam o que vocês acharam dos posts, o que vocês querem ler, me dêem dicas, me contem as experiências de vocês, etc.
Vida longa à esse blog! Um brinde à esse início!

Sarah Miranda